quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Crítica ║ Expresso da Meia-Noite, de Billy Hayes e William Hoffer


Sejam bem vindo a mais uma crítica literária no Expresso Crítico.

Hoje vamos falar do livro Expresso da Meia-Noite. Escrito originalmente em 1977, a versão da imagem é uma nova edição lançada em 2016 pela editora Vestígio.

O livro conta toda a jornada de William "Billy" Hayes pelo sistema judiciário e carcerário da Turquia, preso pelo crime de portar e tentar transportar Haxixe da Turquia para os Estados Unidos, sua terra natal.

Durante a maior parte do livro acompanhemos o protagonista na prisão de Sagmalcilar. O que é contado no livro é um relato cru e cruel da vida nas cadeias turcas da época. A prisão era quase que especialmente voltada para presos estrangeiros, portanto, vemos na história muitas nacionalidades diferentes no que toca aos presos. Porém, a história se passa na década de 70. Época em que a Turquia além de ter conflitos contra a Grécia, também teve um desarranjo diplomático com os Estados Unidos, o que acabou influenciando todas as penas de presos americanos, entre eles Billy.

Em um determinado momento, Billy cansa de esperar pela justiça e decide fugir não só da prisão como também do país. Daí o nome do livro, que em inglês é uma gíria de presos quando se referem a fuga de uma prisão.

Quanto as minhas impressões do livro, tenho que salientar alguns pontos antes de continuar. Muito leem essa história se sentindo comovidas pela história, pois entendem que pena que foi imposta a ele era injusta por um crime considerado pequeno. Por conta de minhas convicções de vida, não consigo sentir tanta pena do protagonista. Explico. A época do acontecimento, já era sabido que o país pegava pesado nas penas por posse de drogas, mesmo que fosse haxixe ou maconha. Quando ele comete o crime ele está ciente do que pode acontecer (ou pelo menos deveria). Meus momentos de compaixão só aparecem quando é retratada a dor e angústia dos pais, esses sim inocentes na história.

Dito isso. Ainda assim saliento que toda a sua estadia em Sagmalcilar é extremamente cruel. As tensões, as condições da prisão (se é que havia alguma condição) e os problemas causados pela agressividade desmedida dos agente da lei nos causam repulsa e muitas das vezes nos sentimos mal mesmo.

Por mais que haja certo arrependimento da parte de Billy, sinto que o mesmo joga muita culpa em cima do país, por vezes o pintando como um inferno na terra. Discordo nesse ponto, pois julgar toda uma população e um país em cima de uma vivência na prisão não me parece algo correto.

A história em si, ainda assim é boa. Mas a história não é "bem contada". O livro tem como autor junto ao protagonista da história o escritor William Hoffer que conta com uma extensa lista de livros escritos. Porém falta, na minha opinião um pouco mais de emoção a história. A ambientação é boa e realmente nos sentimos na pele de Billy durante o livro, porém quando chega a hora contar a fuga,  a descrição é feita de forma apressada e até mesmo anti-climax.

O livro rendeu um filme, que conquistou duas estatuetas na cerimônia do Oscar e ganhou diversos prêmios, como Globo de Ouro. Aliás o filme, pelo menos nesse caso, é melhor que o livro.

Por não ter conseguido ter tanta empatia com o protagonista (pra mim culpa dos autores) a experiência não foi tudo o que eu esperava. Mas por se tratar de um livro curto e, principalmente, por conhecermos a realidade de uma prisão da Turquia, um país culturalmente tão diferente do nosso, a leitura é válida. Só não espere algo espetacular. A história é interessante e só.

Até a próxima!

Título: Expresso da Meia-Noite
Autor: Billy Hayes e William Hoffer
Páginas: 224
Editora: Vestígio
Ano: 1977 (Original) / 2016 (Versão da Crítica)
Avaliação: 2,5 Estrelas

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