terça-feira, 14 de agosto de 2018


Nos idos tempos da vacas gordas, quando a crise ainda não tinha afetado minhas finanças, eu havia um assinado um serviço de caixa surpresa da rede social para leitores Skoob (não, eu não recebi dinheiro de merchandising). E na terceira caixa recebo dois livros de um autor brasileiro chamado Raphael Montes. Confesso que não o conhecia, mas logo na capa havia uma avaliação do Chicago Tribune o comparando a nomes como Agatha Christie e Stephen King na maneira de escrever. Fiquei curioso.

A história é contada por Alessandro. Um adolescente morador da zona sul carioca, que aspira ser escritor, porém se sente desesperançoso por morar em um país que pouco lê. Devido a uma sucessão de acontecimentos que não posso citar para não estragar a experiência, ele, seu melhor amigo Zak e mais sete adolescentes decidem participar de uma roleta russa. Além disso, há uma história secundária que se passa um ano após a roleta russa, quando a Delegada Diana reúne as Mães dos adolescentes numa delegacia para ler as anotações de Alessandro sobre a noite em questão e ver se as mesmas conseguem lembrar de algo novo para elucidar as investigações e resolver um outro caso relacionado que ninguém imaginava.

Os capítulos do livro se alternam entre trechos do que se passa na delegacia e capítulos do livro de Alessandro sobre a noite da roleta russa e também de seu diário que antecede a noite em questão.
Capítulos sucintos que vão direto ao ponto e assim te fazem acelerar cada vez mais a leitura.

Quanto a forma de escrever do autor, não há dúvidas de que o mesmo é brilhante e tem um ótimo futuro pela frente. O livro empolga e se torna organicamente uma leitura compulsiva.

O único ponto negativo, a meu ver, é que alguns dos participantes não tem um motivo forte ou seque um motivo para participar da roleta russa. Enquanto você lê, você não percebe esses furos. Somente após o seu término, após alguma reflexão é que cheguei a esse ponto.

O livro não tenta reinventar a roda e seu desfecho requer até uma certa suspensão de descrença. Inclusive o final pode ser imaginado por alguns dos leitores. Mas a forma como o autor leva a história a esse desfecho é o destaque. Ele esconde o jogo, como um jogador de poker, até o final, fazendo com que várias vezes você ache que está adivinhando errado o final da história. E o último capítulo é uma espécie de "quebra da quarta parede" redondinha e esperta.

Recomendo demais o livro, que além da já ter se tornado uma peça de teatro, já teve seus direitos comprados para uma possível série ou filme. Se eu pudesse resumir em uma frase o livro seria: O mais importante na viagem é o caminho e não a chegada. E amigos, que caminho insinuante tem esse livro!!


Título: Suicidas
Autor: Raphael Montes
Páginas: 432
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2017 (Versão especial)

Avaliação: 4 Estrelas




Crítica ║ Suicidas, Raphael Montes

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